HISTÓRIA DA BARRETA DO CORVO

 

As “Barretas do Corvo”, chegaram até esta ilha, através dos homens que antigamente abandonavam o Corvo à procura de uma vida com melhores condições financeiras.

A viagem que era feita por via marítima entre o Corvo e os USA, era longa por isso os homens Corvinos durante a viagem tricotavam juntamente com os marinheiros que já se encontravam habilitados para os fazerem.

Assim sendo, aprenderam a tricotar este tipo de barretas, que foi transmitido às suas mulheres quando regressavam ao Corvo.

As barretas, eram tricotadas com lã azul-escuro, com uma grega em branco, terminando com um pompom, que na altura servia como de “amortecedor” nos barcos baleeiros quando os homens batiam com a cabeça no teto das embarcações.

Além das barretas, também eram usados os bonés. Era um modelo igual à barreta, mas apenas com a diferença de ter uma pala que era feita também em tricot, colocando uma entretela para fazer com que a pala ficasse mais firme, forrando e guarnecendo essa pala com um bocado de tecido.

As barretas, são feitas na totalidade em tricot e com um conjunto de 5 agulhas com o objetivo de ser feita sempre em circular, sem costuras.  

A cor mais tradicional é o azul-escuro com a grega em branco, embora hoje em dia também se faça de todas as cores pois o turismo por vezes gosta de comprar as suas cores preferidas, mas mantenho sempre o mesmo padrão.

São feitas num todo, em “ponto de liga” começando-se na parte inferior, depois faz-se a grega de outra cor. De seguida são feitos aumentos e diminuições nas malhas, de modo a lhe dar o formato, finalizando com o “pompom” que se cose no cimo da boina.

Inês da Conceição Mendonça de Inês ( 07/11/1932 – 29/03/2019)

Por volta dos 18 anos começou na tecelagem, embora desde a sua infância, tivesse feito tricot e crochet. Não teve qualquer formação especifica, aprendendo através da observação de quem confecionava a tecelagem na época. Inicialmente, fazia os tecidos mais fáceis, depois com a experiência começou a fazer tecidos mais elaborados e mais tarde colchas.

Aprendeu a fazer as barretas do Corvo em 1956, tendo tricotado dois exemplares para o seu avô, no entanto como os homens Corvinos deixaram de as usar, nunca mais vez nenhuma.

Decorridos 30 anos (em 1986) surgiu a oportunidade de representar o Corvo, numa Feira de Artesanato em P. Delgada – São Miguel.

Sendo as barretas uma peça utilizada pelos homens Corvinos, resolveu nessa data, tentar relembrar-se da forma como tinha tricotado as duas barretas que tinha feito.

Em 1986, esses gorros já não eram usados a alguns anos no Corvo, o que tornou mais difícil relembrar a forma como os tricotar.

E foi assim, que as barretas do Corvo voltaram a aparecer e foram conhecidas mundialmente.

Foto de Ana Cláudia Silva

As Boinas do Corvo, foram certificadas pela marca “Artesanato dos Açores”, pela Vice Presidência do Governo, Emprego e Competitividade Empresarial, através da Portaria n.º 33/2019 de 20 de maio de 2019.